Oi galera!
O artigo de hoje preparei pensando em quem já está se preparando para escrever a dissertação de mestrado. Trata de dicas simples, mas que podem ajudar bastante uma vez que sabemos que além da dissertação há os créditos em disciplinas, eventos, publicação de artigos etc. Então, planejamento é essencial.
O texto abaixo é uma adaptação de um artigo que li na Revista Língua Portuguesa e achei interessante compartilhar com vocês (a referência completa ao final do texto).
Aproveitem,
Abrs!
A escrita está longe de ser algo simples, que começa com um momento de eureca, seguido do ato frenético de digitar uma redação final e resulta em uma obra-prima. Na verdade, são 99% de transpiração e 1% de inspiração. Se vamos fazer um bolo, precisamos reunir os ingredientes necessários, seguir o modo de fazer e saborear o resultado. Com a atividade de escrita, não é diferente: é preciso planejar, pôr em prática esse planejamento efazer os ajustes necessários, antes de dar por concluída a tarefa.A falta desse planejamento faz com que o autor corra alguns riscos, entre eles o de não ser compreendido e não conseguir passar sua mensagem ao leitor. Para não cair nessa armadilha, o processo deve ser compartimentado em etapas, que em geral se aplicam a praticamente todos os tipos de texto: idéia, pesquisa, estrutura, rascunho, texto final e revisão.
Uma forma de saber se um texto foi bem conduzido por todo esse processo é observar se ele oferece as condições para elaborar um bom resumo. Esse trabalho de resumo, de apreensão das linhas fundamentais, é de extrema importância para perceber como o texto está organizado, quais são as ideias ligadas ao tema.
A IDEIA: diferentemente do que muitos acreditam ter um insight não é algo que acontece “do nada”. É um processo de união de diversas referências pensadas e pesquisadas ao longo do tempo. Não é algo que “baixa” em você. Esse é um processo reflexivo e complexo, pois frequentemente o tema pensado é apenas um ponto de partida ou um propósito. Vale a pena, portanto, criar o hábito de andar com um caderno e anotar referências, ideias, fatos presenciais, e qualquer outro tipo de registros que inspire o autor.
A PESQUISA: uma ideia precisa ser lapidada para se tornar um texto, por isso sempre existe um processo necessário de pesquisa. Essa fase é, afinal, o embasamento do texto. Nem que seja uma pesquisa no seu repertório mental. Nunca é uma ideia original, é uma reelaboração do repertório cultural prévio. O primeiro momento é ler muita coisa a respeito do que vou abordar e juntar muita informação (e depois checá-la). É necessário entender o máximo possível do assunto antes de começar a escrever. Esse processo é essencial para embasar um texto.
A ESTRUTURA: construir um esqueleto que servirá de base para o texto é, para muitos, a etapa mais importante da escrita. A estratégia pode não ser uma regra, mas o desenvolver o texto em blocos temáticos e depois criar uma coesão entre eles pode simplificar o processo e ajudar o autor a organizar suas idéias e tornar o conteúdo mais claro e coerente.
O RASCUNHO: quando a estrutura estiver pronta, é hora de articular seus principais pontos. Para alguns, esse é o momento de rascunhar. Para outros, é possível passar a uma primeira versão do texto final. Um texto bem torneado é o que mantém essa decorrência de idéias de forma que uma puxe a outra e nenhuma fique solta. O rascunho é fundamental, pois o processo de escrita é não linear e precisa dar a chance ao autor de “ir, vir, esboçar e voltar”. Mas quem prefere pode seguir um esquema – o que não pode é dispensar qualquer organização das idéias. É uma grande ingenuidade achar que o texto surge pronto na sua primeira versão, como se fosse uma inspiração avassaladora que toma a mente do redator então o texto sai pronto, como se tivesse sido psicografado. De todo modo, fazer ou não um rascunho depende da experiência de quem escreve e, dependendo do caso, um esboço pode ser substituído por um roteiro com itens a ser abordados – que representaria a fase da estrutura.
VERSÕES E TEXTO FINAL: o caminho até o texto final pode ser longo ou curto, dependendo de tempo, tema abordado e de uma diversa gama de fatores. Enquanto alguns gostam de elaborar uma versão, fechá-la e depois iniciar outra se necessário, outros ficam durante um longo período mexendo e remexendo no texto. A regra é que sejam feitas quantas versões couberem no tempo e tantas quantas sejam necessárias para conseguir trazer novos aprimoramentos. A reescrita é algo que ocorre ao longo de toda a produção. Descanso: a importância de fechar uma versão e esperar para fazer outra é deixar o texto descansar. O autor pode fazer diversas modificações e se dar por satisfeito, mas depois de um tempo, quando voltar a ler, terá novas mudanças para fazer.
A REVISÃO: outra etapa muitas vezes negligenciada por causa da falta de tempo é a revisão. Mas é nela também que se aplica o conselho de deixar o texto final descansar por ao menos uma noite e voltar a revisar no dia seguinte. No âmbito pessoal, é aconselhável que a pessoa releia depois de escrever e depois dê um tempo para fazer as outras releituras. A revisão é também uma maneira de analisar se o processo do texto foi eficaz, ou se é necessário voltar e corrigir erros. Avalie: ele está inteiramente coerente e coeso? As idéias estão bem conectadas? A carga vocabular é adequada para aquele tipo de mensagem? A pontuação está bem empregada? E o tema, foi respeitado?
A linha de produção do texto. In: Revista Língua Portuguesa. Ano 8, nº 90. 2013. p. 28-33 (texto adaptado).